21 de julho de 1946 – Ditador boliviano morre pelas mãos do povo

Uma revolução popular acabou com os mais de dois anos
de governo do ditador boliviano Villarroel, cujo trágico fim aconteceu
publicamente, nas mãos do povo revoltado que se libertara de vez das algemas de
seu governo autoritário. Após a morte do Presidente, uma Junta Provisória,
formada por membros dos grupos trabalhistas, professores e líderes
universitários, assumiu o poder, prometendo restituir os direitos civis da
população.
No dia anterior à morte, Villarroel abdicara da Presidência,
devido ao aumento exponencial dos protestos violentos contra seu regime,
liderados por estudantes e trabalhadores. Deixado o posto, o ex-Chefe de Estado
cogitava partir para o exílio, permanecendo no “Palácio Queimado”, sede da
Presidência, sem proteção. A multidão enfurecida com a situação político
econômica do país, invadiu a residência oficial, capturou o ex-governante,
atirou-o por uma das janelas e mais tarde pendurou seu corpo enforcado em um
poste de iluminação na Praça Murillo. A violência dos combates neste dia foi
comprovada pelo número de dois mil mortos e feridos
Nem tudo no governo
de Villarroel, no entanto, foram mordaças e cassetetes. Em sua gestão de cunho
fascista, o ex-combatente da Guerra do Chaco
(1932-1935), influenciado pelas idéias de Juan Perón, aprovou o voto
feminino no país, acabou com a pongueaje (uma espécie de trabalho escravo
indígena, remanescente dos tempos da colonização espanhola), apoiou a criação da
Federação dos Mineiros, organizou o Congresso Indígena e incentivou a produção
de petróleo nacional.
Estas medidas desagradaram a oligarquia dominante,
que começou a fazer pressão sobre o trigésimo nono Presidente boliviano. A
resposta violenta e brutal dada por ele, no entanto, só piorou a situação,
fazendo com que a população se voltasse contra ele, até culminar na deposição
seguida de sua morte.
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