22 de julho de 1990 - Morre o escritor argentino Manuel Puig

vivir el fin de algo".
Manuel Puig
O escritor argentino
Manuel Puig, 57 anos, morreu pela manhã, de complicações pós -operatórias
decorrentes de uma intervenção cirúrgica na vesícula, num hospital mexicano na
cidade de Cuernavaca.
Nascido em 1932 em General Villegas,
nos pampas argentino,costumava dizer que "se tem a impressão de que quem
nasce e morre lá nunca terá visto nada". Talvez por isso o escritor nunca
tenha sossegado em qualquer lugar. AAos 13 anos, foi estudar o ginásio em Buenos
Aires. Dez anos depois, seguiu para Roma onde cursou cinema, chegando a
trabalhar como assistente de diretores como Vittorio de Sica, Rene Clement e
Stanley Donen. Passou por Londres como professor de espanhol e lavador de
pratos. De volta à Argentina, alçou vôo literalmente, como comissário de bordo.
Carregou malas em Nova Yorque.
A carreira literária chegou em poucos
anos. Seu primeiro romance A traição de Rita Hayworth (1968) foi
escolhido pelo Jornal Le Monde o melhor livro publicado na França naquele
ano, quando concorreu com As confissões de Nat Turner (1966), de William
Styron, e Cem anos de solidão (1967), de Gabriel Garcia Marques.
O
escritor também viveu no México e na Suécia. Mas foi no bairro carioca do Leblon
que ele fez mais do que estabelecer residência, no início dos anos 80. Aqui,
adaptou para o teatro seu sucesso mais conhecido, O beijo da mulher
aranha (1976). Também aqui começou a produzir textos diretamente para o
palco, como Quero... (1982), escrita para os mesmos Ivan de Albuquerque e
Rubens Correa, que montaram O beijo.
Mas a maior homenagem de
Manuel Puig ao Brasil foi, sem dúvida o romance Sangue de amor
correspondido (1982), ambientado no Rio e escrito em português.
Em
1989, Puig lançou mais um romance Cai a noite tropical, "escrito e
acontecido no Rio, mas com personagens argentinos", segundo sua prórpia
definição. A cidadania carioca do escritor rendeu ainda as peças Triste
andorinha mocho (185), Gardel, uma lembrança (1987) e Mistério do
buquê de rosas (1987).
Mas em 1989, a poluição da amada praia do
Leblon e a violência da cidade cansaram o escritor. Em outubro ele partia para
seu último destino: "Tinha necessidade de voltar ao México, onde vivi nos
anos 70 e deixei muitos amigos. Espero me organizar para poder dividir meu tempo
entre lá e o Brasil". Para tristeza de amigos e admiradores do autor de
Boquitas pintadas (1969), The Buenos Aires affair (1973), Púbis
angelical (1979) e Maldição eterna para quem ler estas páginas (1981)
não houve tempo para esta volta ao Brasil acontecer...
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