Promotores vão apurar suposta lavagem em negócio de R$ 4 milhões envolvendo ex-ministro e o petista Gesmo Siqueira

Fausto Macedo
O Ministério Público Estadual decidiu abrir investigação sobre suposto crime
de lavagem de dinheiro envolvendo a compra do apartamento ocupado desde setembro
de 2007 pelo ex-ministro Antonio Palocci (Casa Civil), em Moema, zona sul de São
Paulo. O imóvel, avaliado em R$ 4 milhões, pertence a Gesmo Siqueira dos Santos,
filiado ao PT de Mauá (Grande São Paulo) há 23 anos e com folha corrida com mais
de 120 inquéritos policiais.
A apuração ficará sob responsabilidade do Grupo de Atuação Especial de
Repressão à Formação de Cartéis e à Lavagem de Dinheiro e de Recuperação de
Ativos (Gedec), braço do Ministério Público. A medida foi tomada pela
Procuradoria-Geral de Justiça a partir de representação do PSDB paulista,
subscrita pelo deputado Pedro Tobias.
A procuradoria também encaminhou cópia da petição ao chefe do Ministério
Público Federal, Roberto Gurgel, para um segundo procedimento sobre eventual
improbidade envolvendo Palocci. O aluguel do apartamento é de cerca de R$ 15
mil. Quando Palocci o alugou recebia R$ 16 mil como parlamentar. Na Procuradoria
da República do Distrito Federal já existe investigação de âmbito civil sobre as
atividades de uma consultoria de Palocci, a Projeto.
Em outra representação do PSDB, os senadores Álvaro Dias (PR) e Demóstenes
Torres (GO) sustentam que "parece clara a prática de fraude mediante simulação,
pois o apartamento teria sido adquirido pelo ex-ministro e registrado no nome de
terceiro". Para os tucanos, "os indícios apontam para a prática de atos
simulados que tinham como objetivo a fruição, pelo ex-ministro, do imóvel, sem
que seu nome aparecesse ligado à propriedade do bem".
O criminalista José Roberto Batochio, advogado de Palocci, rechaçou suspeitas
de irregularidade. "A locação do imóvel se deu mediante absoluta licitude, por
meio de uma imobiliária, dentro dos parâmetros legais. Quanto ao dono do imóvel
não sabe nem compete a ele averiguar. Senão, ao comprar um automóvel vão querer
saber quem é o mecânico que apertou o parafuso."
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