Presidente do Legislativo, Paulo Melo constituiu empresa com filho de
construtora que vai receber R$ 11,4 milhões
Alfredo Junqueira
Além da Delta Construções e de duas empresas doadoras para a campanha à reeleição de Sérgio Cabral (PMDB), o pacote de 18 obras emergenciais celebrado na semana passada pelo governo inclui uma construtora dirigida por um sócio do presidente da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), Paulo Melo (PMDB) - aliado e homem forte do governador no Legislativo. Por quatro contratos, a Oriente Construção Civil vai receber R$ 11,4 milhões.
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Diretor e filho de uma das donas da construtora, o empresário Geraldo André
de Miranda Santos formou, em abril, uma outra sociedade em parceria com o
deputado estadual. A PMGA Incorporação e Construção Ltda. tem R$ 4,5 milhões de
capital social e cotas divididas em partes iguais entre Santos e Melo.
Os quatro contratos da Oriente são para obras na Região dos Lagos, base
eleitoral do parlamentar: duas em Saquarema, uma em Maricá e outra em Araruama,
onde fica a sede da construtora. Melo é casado com a prefeita de Saquarema,
Franciane Motta. Nessa cidade, as intervenções da Oriente vão custar R$ 5,1
milhões ao Estado.
Na composição de capital da PMGA, Melo registrou R$ 1,95 milhão a partir de
um terreno em Saquarema. Santos fez o mesmo, mas distribuiu os valores em cinco
lotes. Pelo menos um dos terrenos fica próximo às obras.
Como o Estado revelou, as 18 obras com dispensa de licitação somam R$ 96,3
milhões e têm como objetivo concluir a reparação de danos provocados pelas
chuvas de janeiro de 2010. A empresa que terá maior faturamento é a Delta
Construções, de Fernando Cavendish, amigo de Cabral, com R$ 37,6 milhões.
O pacote de obras foi celebrado dois meses após o acidente na Bahia que
tornou pública a amizade entre os dois. A crise política que se seguiu foi em
parte estancada com ajuda de Melo. Como presidente da Alerj, cabe a ele
encaminhar os pedidos de informações feitos há dois meses pela oposição - o que
não ocorreu.
Outro lado. Melo alegou atuar no ramo imobiliário há mais de 15 anos e que a
PMGA não vai trabalhar com o poder público. "Não sou governador. Não faço
licitação nem assino dispensa no governo do Estado", disse. "Não há conflito de
interesses. A cidade cresceu, há uma necessidade imobiliária muito grande e eu
tenho que encontrar alguém apto e interessado nesse ramo."
Por nota, o diretor da Oriente e sócio da PMGA explicou que suas atividades
não se misturam. "Invisto no ramo imobiliário da Região dos Lagos há 15 anos,
assim como o Paulo Melo, com quem me associei para construir casas naquela
região."
A Secretaria de Obras informou que as contratações foram precedidas pela
apreciação de três propostas e a escolha pelo menor preço. Em nota, o governador
disse apenas que "não interfere nos procedimentos das diversas secretarias de
Estado".
O Estado de São Paulo
O Estado de São Paulo
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