Segundo Edison Lobão, País precisa garantir abastecimento não só para este
ano, mas também para o próximo, já que a produção de 2012 não deve ser muito
maior do que a atual


Karla Mendes
O governo vai reduzir de 25% para 20% a
proporção da mistura de álcool anidro na gasolina a partir de 1º de outubro. A
informação foi dada ontem (29) pelo ministro de Minas e Energia,
Edison Lobão, depois de uma reunião com a presidente Dilma Rousseff. "Nós temos
que garantir o abastecimento olhando para este ano e olhando para o próximo ano
também porque verificamos que a safra do próximo ano não será muito melhor do
que a atual. Então temos que tomar providência desde logo", justificou
Lobão.
O novo porcentual da mistura de álcool na gasolina valerá por tempo
"indeterminado", segundo o ministro. "Depois calibraremos, verificando a
resolução, no momento em que acharmos que há segurança para suspendermos",
afirmou.
Além dessa medida de "segurança" contra desabastecimento do mercado e de
preços altos, Lobão ressaltou que medidas complementares já anunciadas, como o
financiamento da estocagem também serão adotadas. Segundo o ministro, os
parâmetros das linhas de financiamento com "favorecimento" estão em fase e
considerações finais do ministro da Fazenda, Guido Mantega. A previsão, segundo
Lobão, é de que as medidas sejam anunciadas nos próximos dias.
Também participaram da reunião Mantega, o ministro da Agricultura, Mendes
Ribeiro, e a ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann.
Na última sexta-feira, o ministro minimizou a quebra da safra de
cana-de-açúcar no Centro-Sul e os impactos das perdas nas lavouras para a
produção de etanol. Mesmo com uma redução de entre 50 milhões e 70 milhões de
toneladas de matéria prima entre as safras 2010/2011 e 2011/2012 - o
correspondente a toda produção do Nordeste, ou ainda da Tailândia, terceiro
produtor mundial de cana - o ministro classificou a perda como "pequena" e
"conjuntural".
No dia 27 de julho, o governo federal anunciou que havia adiado por 30 dias a
decisão de reduzir a mistura do etanol na gasolina. Na época, Lobão havia dito
"não há desabastecimento de etanol e, muito menos, de gasolina" que exigisse uma
alteração neste momento.
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