... para impedir uso mercadológico de ranking pelas escolas
A presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Malvina Tuttman, anunciou nesta quinta-feira em São Paulo que as notas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) serão divulgadas a partir de 2012 levando-se em consideração o número de alunos inscritos por escola, para evitar que sejam feitos os rankings qu, invariavelmente, são utilizados como propaganda, principalmente de instituições privadas.
- Vão ser divulgadas por escola, classificando pelo número de alunos que são
inscritos na prova. Vamos apresentar por categoria, e o básico dessas categorias
é o número de alunos inscritos. Acho que isso já dá uma outra distribuição.
Queremos que cada escola tenha acesso à sua nota e saiba qual foi o seu perfil
no exame. O Enem não foi criado para a formação de ranking e não deve ser usado
como propaganda — disse Malvina, observando que o detalhamento das novas regras
deve ser divulgado em setembro.
Ao participar de um debate sobre o exame, no lançamento do programa "Nota 10
- Série Enem", produzido pelo Canal Futura e pela Editora Moderna, a presidente
do Inep voltou a defender a prova como um instrumento para induzir novas formas
de se construir conhecimento. Mas, admitiu, o resultado pode ser usado "tanto
para o bem quanto para o mal", como instrumento de avaliação ou como propaganda
de instituições privadas de ensino.
— O Enem deve medir o esforço que cada um fez no desenvolvimento do aluno e
da escola. Não é para comparar a nota com a de outras escolas, mas que cada
instituição veja onde pode melhorar. Não tem o menor sentido se fazer
propagandas do tipo curso preparatório para o Enem.
Segundo ela, a partir da primeira edição do Enem de 2012 todos so alunos que
quiserem ter acesso ao boletim de desempenho na prova, incluindo a correção da
redação, poderão solicitar as notas pela internet.
— O Inep divulga as notas e, em um prazo que for possível, (o desempenho).
Vocês imaginam quase 6 milhões (de inscritos)... É muita coisa. Essa será a
nossa primeira experiência em relação a esse aspecto. É um passo importante e
temos que fazer com total segurança, inclusive a questão dos acessos. Estamos
nos preparando para isso mas eu não posso dizer nesse momento quantos dias
depois do resultado. Mas eu posso dizer que todos que desejarem terão acesso via
internet tanto do espelho de sua prova objetiva quanto da redação, separadamente
- afirmou.
Prática comum faltando dois meses para o Enem, escolas e cursinhos que querem
ficar bem posicionados no ranking nacional promovem simulados do exame para
preparar os alunos. Como o exame não é obrigatório para todos os estudantes, a
escola pode escolher os seus melhores alunos para fazer a prova e,
consequentemente, obter uma boa colocação no ranking. Conforme a concepção do
Inep, o desempenho separado pelo número de estudantes inscritos poderia reduzir
este artifício.
Malvina não quis comentar, por outro lado, uma possível influência política
do Tribunal de Contas da União (TCU), que aprovou na quarta-feira uma medida
cautelar para suspender o pagamento do Inep à Fundação Universidade de Brasília,
ligada ao Centro de Seleção e de Promoção de Eventos da Universidade de Brasília
(Cespe-UnB), contratado sem licitação para a realização do Enem.
O ministro José Jorge, do TCU, que participou do governo do ex-presidente
Fernando Henrique Cardoso (PSDB) questionou o fato do Inep ter publicado no
Diário Oficial da União no último dia 10 o extrato da dispensa de licitação no
valor de R$ 372,4 milhões para fazer as edições do Enem nos próximos 12
meses.
— Não tenho nenhuma posição sobre esse assunto. Acredito que o TCU está
fazendo o papel dele de acompanhar, de controlar. E o Inep vai fazer, como
sempre, o seu papel de prestar todas as informações devidas - disse Malvina
Tuttman.
De acordo com o Inep, os R$ 372,4 milhões são considerados como “teto
estimado” e devem custear pelo menos duas edições da prova: a próxima, marcada
para os dias 22 e 23 de outubro, e a do primeiro semestre de 2012, prevista para
os dias 28 e 29 de abril. O total para as duas provas é 190% maior em relação ao
contrato anterior, também firmado com o Cespe, de R$ 128,5 milhões.
As provas do Enem que serão aplicadas para 5,4 milhões de inscritos nos dias
22 e 23 de outubro, conforme Malvina Tuttman, já estão sendo impressas na
gráfica RR Donneley, que tem sedes em Osasco e Barueri (SP) e em Blumenau (SC)
e, segundo ela, o trabalho obedece a um criterioso cronograma de produção. Este
ano o o processo gráfico do Enem terá pela primeira vez a certificação do
Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro),
para evitar erros de impressão como os ocorridos na edição de 2010. De acordo
com o Inep, as provas depois de impressas serão armazenadas em unidades do
Exército sob intensa vigilância para evitar que se repita o vazamento de provas
ocorrido em 2009.
Hoje, em São Paulo a presidente do Inep participou de um debate sobre o Enem
com os professores Carlos Artexes Simões, do Centro Federal de Educação
Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (Cefet-Rio), e César Callegari, membro do
Conselho Nacional de Educação e diretor de Operações do Serviço Social da
Indústria (Sesi) de São Paulo, no lançamento do programa "Nota 10 - Série Enem"
do Canal Futura. O programa, que estreia no próximo dia 30, às 15h, no Canal
Futura, foi feito em parceria com a Editora Moderna e vai revelar as mudanças
que o Enem vem promovendo na relação ensino-aprendizagem e no sistema
educacional do Brasil.
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