
Anna Hazare abre os braços para saudar a
multidão que
aguardava fora dos portões da prisão em Nova Délhi
aguardava fora dos portões da prisão em Nova Délhi
Uma multidão vasta e jubilante aplaudiu, ontem (19), o ativista Anna
Hazare, que deixou uma prisão em Nova Délhi para iniciar uma greve de
fome em público, exigindo leis mais severas contra a corrupção, num movimento
popular que deixou o governo acuado. O governo prendeu Hazare – um homem
de 74 anos, cuja figura lembra a do herói nacional Mahatma Gandhi – na
terça-feira, acusando-o de desrespeitar regras para a realização de
protestos.
Diante da intensa reação popular, as autoridades decidiram soltá-lo horas
depois, mas ele então disse que só sairia da cadeia quando recebesse autorização
para realizar seu jejum de 15 dias num amplo parque de Nova Délhi. Nem as chuvas
das monções conseguiram dispersar a multidão, que explodiu numa ensurdecedora
ovação ao ver Hazare deixar a penitenciária de Tihar. A TV transmitiu ao vivo,
para todo o país, as imagens da mobilização popular. Havia pessoas penduradas em
postes e semáforos para tentar ver o ativista, e muitos gritavam: “Anna, estamos
contigo”.
Assim que cruzou os portões da penitenciária, Hazare se dirigiu à multidão.
Erguendo a mão, ele gritou: “Vitória à Mãe Índia” e “Uma luta pela liberdade
começou”. Em seguida, esgueirou-se entre a multidão até um caminhão decorado com
bandeiras.
Mais tarde, em discurso para cerca de mil pessoas no local onde fará a greve
de fome, Hazare disse:
– Houve uma revolução e os (colonizadores) britânicos foram embora. Mas a
corrupção e a má administração não foram. Agora esta é uma segunda luta pela
liberdade, uma segunda revolução – disse Hazare, vestindo como sempre kurta
(bata) e touca brancas.
Vários escândalos, inclusive um suposto caso de corrupção num contrato de
telecomunicações, que teria custado US$ 39 bilhões aos cofres públicos, levaram
Hazare a iniciar seu movimento. O governo apresentou um projeto para criar um
ombudsman anticorrupção, mas as medidas foram consideradas pífias por críticos.
O protesto de Hazare acabou por mobilizar milhões de indianos, especialmente da
nova classe média, irritada com a rotina de subornos para tudo – como tirar
carteira de motorista ou obter vaga na universidade.
Hazare iniciou sua greve de fome já na prisão, onde uma equipe médica estava
de prontidão, pois uma deterioração da sua saúde poderia agravar a crise para o
governo, embora seus seguidores digam que ele não pretende jejuar até a
morte.
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