Redação, com Carta Maior - de
Brasília

O governo Dilma mandou no começo de agosto a
primeira proposta de alteração constitucional, para renovar Desvinculação de
Receitas da União
O tipo de relação estabelecido pela presidenta Dilma Rousseff com
partidos aliados não sobrevive por muito tempo com a atual classe política. E já
pode ser considerado uma ameaça ao próprio governo no Congresso. A avaliação é
do cientista político Antonio Augusto de Queiroz, do Departamento Intersindical
de Assessoria Parlamentar (Diap).
– Há um risco concreto, real, de partidos da base governista, como PR, PP e
PTB, formarem um bloco na Câmara e criar dificuldades para o governo –, disse
Queiroz.
A eventual criação daquele bloco impediria a presidenta de aprovar – ao menos
sem negociar muito – mudanças na Constituição, por exemplo. O governo
Dilma mandou no começo de agosto a primeira proposta de alteração
constitucional, para renovar Desvinculação de Receitas da União (DRU), tida como
fundamental em caso de crise econômica mundial.
A tramitação da DRU poderia ser uma oportunidade para aliados de Dilma
extravasarem uma insatisfação acumulada desde o início do ano. Reclamam que a
presidenta não conversa com eles como deveria, que não nomeia indicados deles
para cargos no governo, não deixa a equipe econômica pagar obras colocadas no
orçamento federal a pedido de parlamentares.
O mau humor subiu muito com a reação que a presidenta teve diante de uma
série de denúncias das imprensa contra autoridades federais (demiti-los). Entre
os partidos médios citados por Queiroz, a contrariedade é maior, pois viram a
presidenta agir de outro modo, quando os acusados pertenciam ao PMDB, do
vice-presidente, Michel Temer.
Para o cientista do Diap, o comportamento político que Dilma tem adotado
possui duas características. Ou ela “enquadra” aliados, como na crise no
ministério dos Transportes. Ou “não decide”, como no caso dos ministros do PMDB
(Wagner Rossi, da Agricutura, e Pedro Novais, do Turismo).
– Esse padrão de decisão não se sustenta no longo prazo –, afirmou
Queiroz.
Na avaliação dele, por ora, não existe o risco de governistas insatisfeitos
pularem para o barco dos adversários de Dilma não existe, porque a oposição está
frágil demais e não se mostra, concretamente, uma alternativa de poder em
2014.
Comentários