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Os militantes do MST são discriminados pela mídia conservadora |
Uso de termos negativos, pouca relevância dada às bandeiras do Movimento e
exclusão do MST como fonte. O que já era percebido pelos movimentos
sociais agora foi comprovado em pesquisa que analisou cerca de 300 matérias
sobre o MST em TV, jornal impresso e revistas. O resultado desse trabalho
será lançado na quarta-feira, dia 24, às 19h, na Tenda Cultural do Acampamento
Nacional da Via Campesina (Estacionamento do Ginásio Nilson Nelson), em
Brasília.
O relatório, intitulado “Vozes Silenciadas”, analisou as matérias que citaram
o MST em três jornais de circulação nacional (Folha de S.Paulo, O Estado de S.
Paulo e O Globo); três revistas também de circulação nacional (Veja, Época e
Carta Capital); e os dois telejornais de maior audiência no Brasil: Jornal
Nacional, da Rede Globo, e Jornal da Record. O período pesquisado foi de 10 de
fevereiro a 17 de julho, duração das investigações de uma Comissão Parlamentar
Mista de Inquérito (CPMI) sobre o MST.
O lançamento contará com a presença de Mônica Morão, professora da UFC e
responsável pela pesquisa, de Leandro Fortes, jornalista da revista Carta
Capital, e da Coordenação do MST. O relatório foi realizado pelo Intervozes –
Coletivo Brasil de Comunicação Social com o apoio da Fundação Friedrich Ebert e
da Federação do Trabalhadores em Radiodifusão e Televisão
(FITERT).
O estudo
MST é retratado como violento e suas bandeiras recebem pouco destaque. A
pesquisa concluiu que o movimento, na maioria dos casos, não era central nas
matérias que o citam. O tema predominante foi as eleições (97 inserções), com
uma grande diferença em relação ao segundo lugar, o Abril Vermelho (42
inserções). A CPMI foi tema apenas de oito matérias (ou 2,6% do total). Nas
matérias sobre eleições, o MST não apareceu nos debates sobre políticas
agrárias, mas sim como ator social mencionado de forma negativa pelos dois
principais candidatos do pleito nacional. O Movimento aparece em segundo lugar
no ranking de fontes ouvidas (em primeiro lugar estão matérias que não ouvem
nenhuma fonte). Porém, essa colocação representa apenas 57 ocorrências num
universo de 301 matérias.
Quase 60% das matérias utilizaram termos negativos para se referir ao MST e
suas ações. O termo que predominou foi “invasão” e seus derivados, como
“invasores” ou o verbo “invadir” em suas diferentes flexões. Ao todo, foram
usados 192 termos negativos diferentes, entre expressões que procuram qualificar
o próprio MST ou suas ações.
A maioria dos textos do universo pesquisado cita atos violentos, o que
significa que a mídia faz uma ligação direta entre o Movimento e a violência.
Não bastasse essa evidência, dentre as inserções que citam violência, quase a
totalidade (42,5% do total de matérias) coloca o MST apenas como autor.
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