Promessa de campanha de Dilma, área deve ter verba reduzida pela metade
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A previsão era de que a secretaria deveria receber, até 2015, R$ 100 milhões
por ano para alcançar as metas, ou R$ 400 milhões no total. A tendência, no
entanto, é que a fatia prevista no Plano Plurianual para a Senad seja de R$ 200
milhões no período, segundo o deputado federal Reginaldo Lopes (PT-MG), da
Comissão Especial de Políticas Públicas de Combate às Drogas, presente na
audiência. O Plano Plurianual será apresentado no Congresso pelo governo até fim
de agosto.
No encontro no Congresso, Paulina avisou: sem recursos, a secretaria não terá
como cumprir compromissos apresentados ano passado, durante a gestão de Luiz
Inácio Lula da Silva.
Lígia Formenti
Reação. A notícia de ameaça aos R$ 400 milhões para a área
provocou uma rápida resposta entre integrantes do Conselho Federal de Medicina
(CFM). "Isso demonstra uma incoerência com compromissos assumidos durante a
campanha. Como justificar um corte tão significativo para uma área dita
prioritária?", questionou o vice-presidente do CFM, Carlos Vital Lima.
Lima lembrou que o tratamento dos dependentes tem de ser feito de forma
sistematizada, por uma rede integrada de assistência. "Pacientes não podem
esperar", ressaltou.
O deputado Reginaldo Lopes ouviu de Paulina que a redução colocaria em risco
a instalação de parte dos 65 centros regionais sob a coordenação de instituição
de ensino superior para capacitação de profissionais de saúde e para realização
de pesquisas. "É uma espécie de centro de inteligência, onde vários estudos
sobre o assunto seriam realizados", explicou.
No entanto, Lopes disse acreditar que cortes para ações contra crack não
serão generalizados. "Atualmente, verbas para medidas de combate e prevenção da
droga estão pulverizadas em várias áreas do governo. Temos recursos no
Ministério da Saúde, no MEC (Ministério da Educação). Não significa que toda a
verba do crack será reduzida pela metade", ponderou.
Demanda. Integrante da Comissão de Assuntos Sociais do CFM,
o médico Ricardo Paiva diz que hoje há um déficit de 7,5 mil leitos para
atendimento de pacientes dependentes do crack que estão em fase de
desintoxicação. "Existem atualmente 2,5 mil. E o próprio Ministério da Saúde
afirma ser necessário 10 mil", contou Paiva.
A oferta de centros de Atendimento Psicossocial (Caps) também está muito
aquém do necessário. "O ideal seria ter um Caps para cada 70 mil habitantes.
Claro que esse número está longe de ser alcançado." Para Paiva, a redução de
recursos sinaliza uma tendência preocupante. "É preciso colocar todo o discurso
em prática, transformar em ações aquilo que foi anunciado com tanta animação."
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