
O salário mínimo vai passar de R$ 545 para R$ 619,21 a partir de 2012. A
informação é da ministra do Planejamento, Miriam Belchior, que esteve no
Congresso Nacional para entregar a previsão de gastos do governo para o ano que
vem. Pela previsão anterior, a LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias), o valor
estimado era de R$ 616,34.
O crescimento será de pouco mais de 13,6% e leva em conta a fórmula aprovada
pelo governo para definir a renda do trabalhador.
Mariana Londres
O reajuste estabelece que o salário seja corrigido pela inflação oficial do
INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) do ano anterior mais a variação
do PIB (Produto Interno Bruto, a soma das riquezas do país) de dois anos
atrás.
No caso de 2012, o crescimento do PIB considerado será os 7,5% de 2010. Para
este ano, a projeção para o INPC é algo em torno de 6%.
O aumento vai no caminho completamente oposto ao visto neste ano. O mínimo
passou de R$ 510 para R$ 545 e o reajuste quase não foi suficiente para repor a
inflação. Isso ocorreu porque, pela mesma regra de correção anual, o avanço do
PIB de dois anos antes entraria na conta.
Só que o “avanço”, nesse caso, havia sido negativo por conta da crise
mundial. Em 2009, o PIB teve queda de 0,2%, e esse percentual negativo entrou na
conta do salário mínimo deste ano. Como em 2010 houve uma recuperação forte, os
trabalhadores verão seu salário crescer mais em 2012 do que neste ano.
Com o aumento anunciado pela ministra do Planejamento, o impacto nos cofres
públicos será de R$ 22,7 bilhões. Isso porque, de acordo com cálculos do governo
apresentados na LDO, o governo gasta R$ 306 milhões para cada R$ 1 de aumento
dado ao mínimo.
O valor do salário mínimo serve de referência para os salários de 47 milhões
de brasileiros. Isso significa dizer que muitas categorias, mesmo recebendo além
do mínimo, podem ter reajuste proporcional no ano que vem.
O novo mínimo passará a valer a partir de 1º de janeiro e cairá efetivamente
na conta do trabalhador em fevereiro. O valor pode ser revisado pelo governo, ao
exemplo do que aconteceu este ano, após negociações com os principais sindicatos
de trabalhadores.
Apesar de estar aberto a negociações, o governo federal tem dito que pretende
cumprir a fórmula atual de reposição do mínimo.
Em abril, economistas já mostravam que caso
o mínimo fosse de R$ 616, isso injetaria cerca de R$ 9 bilhões no consumo das
famílias. Seria uma grana que iria direto para gastos de
bens e serviços. O novo valor deve colocar ainda mais dinheiro no bolso do
trabalhador.
A preocupação do governo é de que consumo maior leve a inflação maior. Para
este ano, o governo já não vê mais forma de deixar a inflação perto da meta, de
4,5% no IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo). Como há uma margem de
segurança que vai de 2,5% a 6,5%, a alta de preços pode fechar o ano perto do
limite. Para o ano que vem, ainda há a previsão de que esses valores sejam
mantidos, por enquanto.
Comentários