O Brasil joga, neste sábado, a final da Copa do Mundo Sub-20 contra Portugal
Para qualquer seleção do planeta, dois anos sem títulos oficiais não são
nenhuma novidade. Mas, para a Seleção Brasileira, isso é uma verdadeira
eternidade. Acredite ou não, é quanto tempo faz desde que o zagueiro Lúcio
passou à posteridade com a taça da Copa das Confederações da FIFA África do Sul
2009 nas mãos. De lá para cá, a Seleção foi eliminada da Copa do Mundo da FIFA,
da Copa do Mundo Feminina da FIFA e da Copa do Mundo Sub-17 da FIFA. Nem Lúcio,
nem Aline e nem Marquinhos — os capitães brasileiros nessas competições —
conseguiram subir ao pódio para comemorarem com os companheiros.
Por isso, Bruno Uvini tem diante de si uma oportunidade de ouro: interromper
essa sequência negativa da Seleção, comandar o Brasil na final da Copa do Mundo
Sub-20 da FIFA 2011 e levantar o seu primeiro troféu como líder da equipe
no braço esquerdo.
– Ser o capitão deste conjunto é um verdadeiro orgulho e é claro que eu
espero poder conquistar o título –, garante o camisa 3 brasileiro.
– Quero ser o privilegiado que erguerá a taça e gritará: ‘Pentacampeão!’
A história do jogador é parecida com a da grande maioria dos brasileiros que
cresceram vendo pela televisão as consagrações de Carlos Alberto, Dunga, Cafu,
Lúcio e companhia.
– Eu sonhava em ser como eles. Mas admirava não só os brasileiros, como
também os capitães de outros países que conquistaram títulos importantes. Tomara
que agora eu possa chegar ao mesmo ponto e entrar para a história do nosso
futebol.
Aos 20 anos e com o seu 1,85m de altura, Bruno não passa despercebido. Bom no
corpo a corpo e forte no jogo aéreo, o zagueiro do São Paulo é capaz de assustar
qualquer atacante com a sua presença. No entanto, na hora de analisar a
oportunidade que se apresenta contra Portugal, a sua expressão muda
completamente.
– Estou vivendo um sonho! Chegar à final era o objetivo, mas a ficha ainda
não caiu. Vai demorar um pouco até que eu entenda. Ainda falta um passo grande e
seria maravilhoso poder encerrar isso com o título.
No último mês de abril, quando o Brasil conquistou o título sul-americano com
grande apresentação de Neymar, Bruno Uvini teve sentimentos contraditórios. Por
um lado, a alegria de ver os companheiros comemorarem no pódio. Por outro, a
tristeza de fazê-lo pela televisão, já que uma lesão o obrigou a abandonar o
torneio e a perder o privilégio de ser quem levantaria o cobiçado troféu.
– É verdade, fiquei com isso atravessado na garganta –, confessa, com uma
expressão de arrependimento.
– Eu adoraria ter estado naquele pódio, mas mesmo assim me sinto parte
daquele título. Agora, espero pagar essa dívida – , sonha o jogador, que, apesar
da responsabilidade, leva a pressão na brincadeira.
– Os brasileiros nascem com isso no futebol. Se você se dedica a isso no
Brasil, já sabe que criará muitas expectativas. Além disso, somos um país com
tradição de vitórias. Assim, você já chega preparado para encarar essa
situação.
Sem pressão, mas com o entusiasmo óbvio de quem sonha com o mais alto, Bruno
fica pensativo na hora de analisar as virtudes que possibilitaram ao selecionado
chegar à decisão do torneio.
– Além do futebol bonito que podemos mostrar, acho que fez a diferença
jogarmos com o coração –, afirma.
– Mostramos garra em todas as partidas e nos ajudamos uns aos outros como uma
verdadeira família. Acho que esse é o segredo.
O excelente clima no elenco do técnico Ney Franco é evidente para qualquer um
que tenha a sorte de passar alguns minutos observando. Bruno Uvini revela que
isso é fruto de um trabalho pensado.
– É parte da minha responsabilidade colaborar para manter a união tanto
dentro quanto fora de campo. Não é uma função fácil, é pesada. Mas, ao mesmo
tempo, é um grande compromisso –, reconhece o atleta, que após o fim do Mundial
Sub-20 buscará viver uma nova fase no São Paulo.
Miranda e Alex Silva, dois concorrentes seus na posição, deixaram o clube
recentemente. Assim, erguer o troféu no próximo sábado daria a Bruno muitos
pontos na tentativa de se tornar o sucessor natural de ambos.
– Agora só penso na Seleção, mas o meu grande objetivo na volta é virar
titular –, revela.
– Seria demais conquistar a taça aqui, chegar ao Brasil como titular e, um
dia, disputar o Mundial de Clubes. Nem todos podem chegar tão longe com essa
idade.
Se conseguir, Bruno deixará muito feliz o seu pai, ex-zagueiro e atual
técnico e dono da escolinha onde o jovem deu os seus primeiros chutes. É com ele
que o são-paulino troca impressões sobre o esporte.
– O meu pai é o meu maior conselheiro, o meu grande amigo. É a ele que devo a
maioria dos meus acertos.
Seria então para ele a dedicatória em caso de título no Estádio El
Campín?
– Para ele e para a minha mãe, que são tudo para mim. Tenho os nomes deles
nas minhas chuteiras, isso diz tudo. Quero entrar para a história do futebol
brasileiro e dedicar a eles o pentacampeonato.
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