
Em reunião realizada no início da tarde de quarta-feira (16/11) no Ministério
do Trabalho, integrantes da cúpula do PDT colocaram Carlos Lupi, presidente
licenciado da sigla, nas cordas e o “aconselharam” a deixar o comando da pasta.
A situação política de Lupi na legenda pode ser definida hoje, após reunião da
Executiva do partido prevista para o início da tarde. O encontro estava marcado
para sábado, mas, com o agravamento da situação do ministro, foi antecipado. O
sentimento de urgência é tamanho que o secretário-geral do PDT, Manoel Dias,
mesmo hospitalizado, preferiu se deslocar de última hora de Florianópolis para
participar do encontro.
O clima, até a semana passada favorável a Lupi, se inverteu no PDT com o
surgimento de imagens que mostram o ministro descendo de um avião modelo King
Air em visita realizada em 2009 ao interior do Maranhão. O uso da aeronave
teria sido custeado pelo presidente da Fundação Pró-Cerrado, Adair Meira, que,
logo após o tour, firmou sete contratos com a pasta, no valor de R$ 11,6
milhões. Lupi, em audiência realizada na Câmara, na última quinta-feira, negou
conhecer Adair Meira, presidente da ONG, e disse que só entrou em aeronave
custeada pelo partido — fato negado pelo presidente do PDT do Maranhão, Igor Lago, conforme revelado pelo Correio ontem.
Em nota divulgada no último sábado, o ministro também afirmou que, durante a
viagem pelo Maranhão, não embarcou num avião do modelo King Air, mas num
Sêneca. No entanto, as imagens divulgadas mostram que Lupi mentiu. “Esse equívoco
tem que ser esclarecido. O avião certamente não foi pago pelo PDT Nacional”,
assegurou o presidente interino do partido, deputado André Figueiredo (CE). A
expectativa é que Lupi apresente documentos demonstrando a origem do pagamento
do uso das aeronaves em
audiência no Senado , na manhã de hoje (leia mais na página
4). Ficou para o braço direito de Lupi, o deputado Weverton Rocha (MA), a
incumbência de levantar o plano de voo junto à empresa contratada para a viagem
pelo interior do Maranhão.
Apesar disso, integrantes do partido não escondem o
desconforto ocasionado com as contradições de Lupi. “Nós temos total confiança
no ministro Lupi. Resta saber se é oportuna, diante da situação pessoal que ele
está passando, a permanência dele”, ressaltou André Figueiredo. O parlamentar
adiantou, entretanto, que, mesmo com a saída de Lupi, o PDT continuará na base
aliada.
Rodízio
Figueiredo chegou a defender um rodízio no comando do ministério com outros
partidos. “Desde o início tenho defendido que, caso o ministro Lupi saia, o PDT
não precisaria indicar o substituto.” Essa ideia, no entanto, é contestada por
parte do PDT.
Correio Brasiliense
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