
Entre os próximos dias 20 e 25 de novembro, mulheres de mais
de 30 países estarão reunidas no 8º Encontro Internacional da Marcha Mundial
das Mulheres (MMM), que ocorrerá na Cidade Quezon, Filipinas. O momento,
realizado a cada dois ou três anos, se propõe a avaliar ações e traçar linhas
de trabalho para anos seguintes, além de fortalecer movimento.
Coordenadora
do Secretariado Internacional da Marcha, Miriam Nobre informa que o Encontro
fará balanço da Terceira Ação Internacional da Marcha, ocorrida em 2010 em
países onde há conflitos internos e muitos casos de violência contra as
mulheres no marco desses conflitos, como Congo, na África, Colômbia, na América
do Sul, e Turquia, no Mediterrâneo.
“A gente
optou por atuar no território em concreto onde isso acontece e agora precisamos
ver como dar seguimento a essa ação, como se fortalecer para dar resposta a
essas mulheres que vivem conflitos em seu país e encontrar alternativa para o
mundo todo”, declara.
Também
está na pauta o contexto sócio-econômico e político mundial, pois é a partir
dele que a Marcha planeja suas ações. “A crise econômica só será terminal se a
gente tiver alternativas. Vemos formas de organização em acampamentos,
principalmente nos países no Norte, mas a gente tem que debater que tipo de
movimento é necessário para o atual momento e o que a MMM pode fazer”, explica.
Outro
objetivo do evento, segundo a militante, é pensar a organização interna. “A
gente quer garantir uma estrutura flexível, a mais horizontal e democrática
possível. Temos que rever estatuto e regras de funcionamento. Será iniciado
processo para eleger o Comitê Internacional da Marcha e também para eleger
Secretariado Internacional, que ainda está com o Brasil”, detalha.
Por ser
a primeira vez em que a
Marcha se reúne no sudeste asiático, o Encontro está
carregado de expectativas. “Esperamos conhecer o movimento de mulheres de lá e
perceber como é a dinâmica do local, para conhecer realidade a delas e sair de
lá contaminadas por essas questões”, disse. Além disso, há a intenção de
reestruturar a Marcha no mundo árabe, esperando-se a presença de militantes
feministas da Tunísia e da Palestina.
Por fim,
Miriam destaca a importância do Encontro como momento para fortalecer a própria
tessitura da Marcha, estreitando contato entre as militantes, que poderão
compartilhar entre si experiências tão diversas – pois são mais de 30 países
das Américas, África, Ásia e Europa, cada um com sua cultura política – mas que
se ligam por a partir de situações de opressão que se repetem.
“A MMM é
um movimento de base, então é super importante um momento em que a gente se
encontre cara a cara. Por mais que a gente se fale por telefone, por e-mail,
etc., é importante compartilhar o que está acontecendo em nosso país, mostrar
que nossa realidade não é única, mas que faz parte de um contexto”, comenta.
Conjuntura
Está
disponível, no site da Marcha, um texto que subsidiará o debate no 8º Encontro Internacional. Em destaque, a busca por um trabalho
anti-capitalista por parte do movimento frente às consequências da crise do
modelo capitalista, sentida mais fortemente, até agora, nos países ditos
centrais para o sistema.
Para a
marcha, o fundamental é avaliar como essa conjuntura repercute na vida das
mulheres em todo o mundo, com ataques de setores ultra-conservadores aos
direitos civis, sexuais e reprodutivos, reforçados pela mídia, que, na opinião
do movimento, fortalece a ofensiva contra as mulheres.
“Apesar
da existência de várias leis contra a violência de gênero, temos testemunhado a
intensificação da violência contra as mulheres, expressa no feminicídio. Em
particular, temos notado em todos os continentes o aumento de violência contra
mulheres (e as suas famílias) que estão ativas em movimentos sociais. Esta
situação também se reflete na violação e perseguição de mulheres,
particularmente no contexto de militarização”, assinala o texto.
O
documento está no link
http://www.marchemondiale.org/structure/8rencontre/portugues/en/base_view
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