As mudanças anunciadas por Zuckerberg começam em breve.
Mas o que vai mudar no seu perfil?
A sua página de perfil do Facebook vai mudar. No lugar do
atual design de lista com fundo branco, vai entrar em cena a Timeline ,
uma espécie de “museu do eu” que vai organizar cronologicamente todas as
atualizações já feitas na rede social. Veja quais são os elementos da nova
página, que deve começar a entrar no ar nas próximas semanas e será obrigatória
para todos os usuários.
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Por Carla Peralva
Museu do eu
Nicholas Felton ganhou fama como designer quando, no final
de 2005, decidiu publicar seu próprio “relatório anual”, reunindo informações
como quantas músicas havia ouvido, quantas milhas tinha voado e em quais relacionamentos
tinha se envolvido durante o ano que estava acabando. Ele reuniu os dados em
belos infográficos e os publicou na rede. Ano após ano, ele organizava
diferentes informações pessoais cotidianas para contar visualmente para o mundo
como havia sido seu ano.
Em abril de 2011, ele foi contratado pelo Facebook e, em setembro, Mark Zuckerberg
anunciou como os relatórios anuais de Felton iriam mudar o jeito que os mais de
800 milhões de usuários da rede social lidavam com suas informações dentro do
site.
Era anunciada a Timeline, ou Linha do Tempo, reformulação da
página de perfil que deve chegar a todos os usuários nas próximas semanas (não
há data marcada) – queiram eles ou não.
Segundo Kumiko Hidaka, gerente de comunicação global do
Facebook, “há tempos as pessoas sentem um forte sentimento de posse em relação
a seus perfis. Para muita gente, esse é o lugar na internet onde elas podem
falar sobre si mesmas para os outros. Nós quisemos dar aos usuários ainda mais
jeitos de expressar quem são e do que gostam”.
A Timeline conta com uma grande foto no topo da página, um
resumo das principais informações sobre o usuário e a linha do tempo
propriamente dita, que organiza em duas colunas as publicações feitas pelo dono
do perfil e as deixadas por amigos no mural. Do lado direito, há um menu
navegável por anos e meses.
Assim, a Timeline dá aos posts antigos uma relevância quase
tão grande quanto às atividades atuais. Uma viagem feita em 2009, o primeiro
emprego, uma foto da infância, seu nascimento, está tudo lá. É tão fácil
encontrar um post da semana passada quanto um de dois anos atrás.
Para os nostálgicos, a Timeline vem a calhar. É a narrativa
cronológica da vida do usuário – pelo menos da vida que ele contou para seus
amigos via Facebook. Os mais aficionados chegam a sentir mais vontade de
registrar fatos cotidianos com fotos, localização e tags para manter o perfil o
mais completo possível.
E essa espécie de “museu do eu online” é totalmente
alterável: é possível esconder posts, publicar fatos com datas retroativas,
adicionar localização a publicações, destacar fatos marcantes, como um
casamento.
Sam Biddle, do Gawker Media, diz que a Timeline é “a melhor
coisa que o Facebook já fez”. Nick Bilton, do New York Times, alerta que ver
tantas coisas sobre si o faz estar às margens de um “Transtorno da
Personalidade Narcisista Digital”.
Já Nick O’Neill, criador do blog All Facebook, afirma que a
novidade não mudou substancialmente a forma como ele usa a rede social. Para
ele, a principal mudança dentre todas as feitas nos últimos quatro meses foi a
alteração do algoritmo que decide o que aparecerá no feed de notícias. “Ela
teve um impacto muito mais dramático na experiência do site. O da Timeline foi
pequeno, ela muda apenas o jeito como as pessoas interagem com seu perfil. Eu
não sei ao certo qual a porcentagem de tempo que os usuários gastam em seus
perfis, mas tenho certeza que a Timeline vai aumentar essa parcela. E quanto
mais tempo um usuário gasta no Facebook, mais dinheiro eles fazem. É nisso que
eles estão focados”.
Outro aspecto que o lançamento da Linha do Tempo levanta é a
questão que sempre ronda o Facebook: privacidade. Tecnicamente, o novo design
não modifica em nada o grau de privacidade. As informações só foram
reorganizadas. Mas é exatamente a apresentação que choca.
Marc Rotenberg, diretor da Electronic Privacy Information
Center, diz que a Timeline apresenta uma mudança radical na forma como
postagens antigas são tratadas na rede – tão relevantes como as atuais – e esse
é um formato mais revelador do que a maioria das pessoas gostaria. “Os usuários
deveriam poder optar se essas mudanças serão aplicadas a seus dados pessoais.
As informações são dos usuários, não do Facebook!”
Estadão
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