
O deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ), nem se discute mais, é
caso perdido. Infelizmente a Câmara dos deputados tem sido leniente com ele e
com as agressões constantes que perpetra da tribuna ou em entrevistas, como a
de seu pronunciamento de ontem contra a presidenta Dilma Rousseff.
A pretexto de atacar o que chamou de “kit gay”, material
distribuído pelo Ministério da Educação (MEC), Bolsonaro mais uma vez resvalou
para uma linguagem chula, para a agressividade, a discriminação e o preconceito
ao afirmar: “Dilma Rousseff, pare de mentir! Se gosta de homossexual, assuma!”.
A questão não estava, absolutamente, em discussão.
Sua agressividade contra a chefe do governo, e
principalmente a inadequação dos termos desrespeitosos com os quais a ela
dirigiu chamando-a de mentirosa provam que Bolsonaro já deu mais do que razões
para ser cassado. Como isso não aconteceu, mesmo ele já tendo passado e sido
julgado pela Comissão de Ética da Câmara, a sensação que fica é de que o medo
da maioria dos deputados impede que seja pelo menos advertido ou suspenso do
mandato.
Melhor revogar punições do regime e da Comissão de Ética
Se é para ter esse procedimento diante de infrações e falta
de decoro parlamentar tão flagrantes, então é melhor revogar essas punições
constantes do regimento interno da Câmara e da Comissão e deixar para a justiça
e o eleitor decidirem. Tampouco adianta Bolsonaro vir com a justificativa de
que não quis ofender a presidenta e que sua intenção era colocar o tema em
discussão.
Ora, esse tema da homossexualidade – no caso, melhor seria
dizer, da homofobia do deputado – a luta justa e necessária contra os preconceitos,
a violência e a discriminação contra os homossexuais, tem que ser tratada com
pesquisas e com uma estratégia em que ela seja discutida e travada com
seriedade e consequência.
Não podemos simplesmente propor medidas sem discussão
aprofundada com a sociedade, ou que restrinjam a questão a um simples item,
como faz o parlamentar carioca atacando material distribuído pelo MEC.
Bolsonaros, pai e filho,
transformam homofobia em marketing
Vamos propor medidas concretas à avaliação da sociedade e,
se vamos fazê-lo, que o façamos nos preparando também para a disputa politica.
Conscientes de que, em questões dessa complexidade, infelizmente essa disputa
não tem nível e nem limites como vimos em manifestações desse teor eita pelo
deputado Bolsonarona, e na campanha presidencial de 2010, quando a oposição
explorou uma questão não política, mas de princípio e foro íntimo, o aborto.
Aliás, eu devia dizer manifestações dos Bolsonaros,
porque eles estão transformando seu homofobismo em marketing e marca. O deputado
Flávio Bolsonaro (PP) – filho de Jair Bolsonaro – foi um dos dois únicos votos
contrários à aprovação, ontem, pela Assembleia Legislativa do Rio, da proposta
de emenda constitucional (PEC) 23/07 do deputado Gil berto
Palçmares (PT).
A PEC inclui a orientação sexual entre as características
pelas quais um cidadão não pode ser discriminado, segundo a Constituição
fluminense. Foram 45 votos a favor e apenas dois contra, os dos deputados
Flávio Bolsonaro e Edson Albertassi (do PMDB).
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