A pressão aumenta, mas
a demissão não vem. Dilma Rousseff preferiu desafiar a Comissão de Ética, que
recomendou a exoneração de Lupi.
Carlos Lupi continua ministro do Trabalho, mesmo que o Conselho de Ética da Presidência da República tenha recomendado a demissão dele. Agora, a presidente
Dilma Rousseff cobra explicações justamente do Conselho de Ética. A presidente
está na Venezuela e só retorna no domingo (4). Até lá, a sobrevida do ministro
Carlos Lupi parece garantida.
Antes de
tomar uma decisão definitiva, a presidente quer que a Comissão de Ética, que
sugeriu a exoneração do ministro, explique o porquê e como chegou a essa
recomendação. No voto, a relatora na Comissão de Ética, Marília Muricy, disse
que as falhas de Carlos Lupi foram graves e inquestionáveis e já disse que não
muda as conclusões.
Por
enquanto, Carlos Lupi fica. A presidente Dilma Rousseff pediu mais informações
à Comissão de Ética da Presidência, como os detalhes sobre a recomendação de
demitir o ministro do Trabalho.
Carlos
Lupi decidiu recorrer da decisão e quer saber exatamente o que foi dito durante
a reunião dos conselheiros. O ministro espera receber uma cópia da gravação do
encontro, porque se considera perseguido pelo presidente da comissão, Sepúlveda
Pertence.
Sepúlveda
Pertence diz que é possível reavaliar a situação do ministro, mas só no ano que
vem, quando a comissão volta a se reunir. “Isso tem de ser analisado com muito
cuidado e sem passionalismo”, afirmou Sepúlveda Pertence, presidente da
Comissão de Ética.
A
relatora do caso, Marília Muricy, diz que continua achando que Lupi deve ser
demitido. “Nenhuma hipótese de mudança de relatório. Não existe mudança de
relatório, nem eu acredito absolutamente que a presidenta pretenda isso. Não
está em cogitação”, afirmou.
No voto,
Marília Muricy diz que na atitude do ministro há aparente indiferença quanto à
gravidade das acusações e certa dose de arrogância. Afirmou ainda que soaram
como uma afronta à hierarquia algumas declarações de Lupi, como essa: “Pra me
tirar, só abatido à bala. E tem que ser bala forte, porque sou pesadão”.
Uma
denúncia do jornal “Folha de São Paulo” de quinta-feira (1º) complicou a
situação de Lupi. A reportagem diz que, durante cinco anos, ele trabalhou na
Câmara Municipal do Rio e, ao mesmo tempo, era funcionário-fantasma na Câmara
dos Deputados. O procurador-geral da República diz que acúmulo de cargos
públicos, em tese, é crime. Para a oposição, é mais um motivo para que ele seja
demitido.
“Não há
nenhuma razão para protelar uma decisão. O ministro perdeu a autoridade
política e moral. Deve ser demitido e as ações subsequentes devem ser
providenciadas”, apontou o senador Álvaro Dias (PMBD-PR).
“Eu
continuo achando que o Lupi é um homem honesto. Tem novos fatos que precisam
ser apurados, mas não tem nenhuma comprovação contra o Lupi”, defendeu o
deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), líder do governo na Câmara.
O presidente da Câmara, deputado Marco Maia
(PT-RS), disse que vai abrir sindicância para investigar a denúncia de que o
ministro Carlos Lupi acumulou cargos públicos.
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