
Ilegalidade faz o comércio da droga rentável e inflacionado;
classe média paga mais pelo consumo
Marcela Bourroul Gonsalves - estadão.com.br
Uma pesquisa encomendada pela organização Viva Rio constatou
que o preço da maconha pode aumentar 283 vezes entre sua
colheita no Paraguai e a venda para o usuário carioca. O levantamento analisou
os preços da droga ilícita mais consumida do mundo de uma ponta à outra em sua
cadeia de consumo.
A pesquisa também apontou variações extremas de preços em
uma mesma região. Segundo os dados apurados, em média, o valor do grama da
maconha comprada em favelas custa 61% a menos do que os preços encontrados em
bairros de classe média.
"A ideia da pesquisa é que seja a primeira de uma
série. A gente percebe que se conhece pouco o mercado das drogas ilícitas no
Brasil", de acordo com Rubem César Fernandes, diretor executivo da Viva
Rio.
A título de comparação, a pesquisa cita os resultados
obtidos em relação ao tabaco, cujo aumento do preço varia entre 27 e 39 vezes,
incluindo o alto imposto sobre o produto, de quase 80% de seu valor bruto.
Ainda que a comercialização da maconha envolva riscos por
conta da sua ilegalidade, a Organização das Nações Unidas (ONU) estima que o
comerciante da droga tenha uma perda de aproximadamente 17% do produto, que
pode variar dependendo da região.
De acordo com o divulgado, a conclusão do levantamento é que
"a proibição torna o comércio da maconha altamente rentável para quem se
arrisca na economia clandestina".
Os pesquisadores levaram cerca de cinco meses para levantar
os dados, obtidos através de documentos oficiais dos dois países, divulgados
pela imprensa e de entrevistas. O Paraguai foi escolhido por ser a principal
fonte do mercado brasileiro e a segunda no mundo, atrás apenas do Marrocos.
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