Juan Lara.
Cidade do Vaticano, 25 dez (EFE).- O papa Bento XVI disse
neste domingo que o "grande pecado" dos homens é agir de maneira
presunçosa e competir com Deus, ao tentar ocupar seu lugar e decidir o que é
bom e o que é ruim.
Diante de milhares de pessoas reunidas na Praça de São Pedro
em uma manhã ensolarada e fria, o pontífice pronunciou a tradicional mensagem
de Natal, na qual repassou a situação no mundo e pediu o fim da violência na
Síria, "onde já se derramou muito sangue".
Neste dia de Natal, o papa, de 84 anos, afirmou que Jesus
veio ao mundo para salvar o homem de todos os tempos.
"Jesus foi enviado por Deus para nos salvar desse mal
profundo, enraizado no homem e na história, que é a separação de Deus, o
pretensioso orgulho de agir por si só, tentar competir com Deus e ocupar seu
lugar, decidir o que é bom e o que é ruim e ser o dono da vida e da
morte", afirmou.
Bento XVI acrescentou que esse é "o grande mal, o
grande pecado", do qual os homens não podem se salvar de outra maneira
senão se aproximando de Deus.
Essa salvação também foi pedida para todas aquelas pessoas
que vivem em situações difíceis e para os "que não têm voz".
"Que o Senhor socorra a humanidade afligida por tantos
conflitos que ainda hoje ensanguentam o planeta. Que conceda a paz e a
estabilidade à terra (o Oriente Médio) na qual escolheu para entrar no mundo,
estimulando o reatamento do diálogo entre israelenses e palestinos",
ressaltou.
Nesse percurso pelo mundo implorou a Deus a cessação da
violência na Síria, "onde já se derramou muito sangue", que favoreça
a plena reconciliação e a estabilidade no Iraque e no Afeganistão e que dê um
renovado vigor à construção do bem comum em todos os setores da sociedade nos
países do norte da África e o Oriente Médio.
Bento XVI também pediu auxílio para os povos do Chifre da
África, "que sofrem pela fome e a carestia, às vezes agravada por um
persistente estado de insegurança" e exortou a comunidade internacional a
ajudar os muitos refugiados desta região, "tão duramente afetados em sua
dignidade".
O papa implorou consolo para a população do sudeste
asiático, especialmente da Tailândia e Filipinas, que se encontram ainda em
graves situações devido às recentes inundações.
Também defendeu o diálogo e a colaboração em Mianmar, a
estabilidade política nos países da região africana dos Grandes Lagos e o
fortalecimento do compromisso dos habitantes do Sudão do Sul para proteger os
direitos de todos.
"Voltemos nosso olhar à gruta de Belém: o menino que
contemplamos é nossa salvação. Ele trouxe ao mundo uma mensagem universal de
reconciliação e de paz. Abramos nossos corações a ele e demos as boas-vindas à
sua presença em nossas vidas", afirmou Bento XVI.
A mensagem seguiu a mesma linha da homilia pronunciada na
noite passada durante a Missa do Galo, na qual pediu a paz no mundo e implorou
a Deus que "demonstre seu poder" e atire ao fogo "as varas do
opressor, as túnicas cheias de sangue e a botas dos soldados".
O pontífice avaliou que o Natal se transformou em um uma
"festa do comércio", cujas luzes escondem o mistério da humildade de
Deus, que nos convida à humildade e à sutileza.
O papa exortou os fiéis a celebrar o Natal renunciando à
obsessão "pelo que é material, mensurável e tangível" e pediu por
todos aqueles que "têm que viver o Natal na pobreza, na dor, na condição
de emigrantes, para que apareça diante deles um raio da bondade de Deus".
Após a mensagem deste domingo, o papa deu a bênção
"Urbi et Orbi" (à Roma e a todo o mundo) em 65 idiomas, entre eles
espanhol, português e guarani. EFE
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