Autor de "A Privataria Tucana"
aposta que face autoritária e blindada pela mídia de Serra será exposta com
investigação na Câmara a partir de fevereiro
O jornalista Amaury Ribeiro Jr (centro), no
lançamento, em São Paulo, do livro que originou o pedido de CPI na Câmara
(Foto: Gerardo Lazzari/Arquivo RBA)
Autor de um dos livros brasileiros mais vendidos em dezembro de 2011 e
janeiro deste ano, o jornalista mineiro Amaury Ribeiro Júnior afirmou que vê
com naturalidade a reação do ex-governador José Serra (PSDB) ao conteúdo de
"A Privataria Tucana". Para ele, quando a Comissão Parlamentar de
Inquérito (CPI) para investigar as privatizações promovidas durante a década de
1990 for instalada na Câmara Federal, o tucano terá revelado seu lado
"autoritário" e blindado pela mídia.
"A
Privataria Tucana" apresenta indícios claros, a partir de documentos
públicos ou obtidos legalmente, de um esquema bilionário de fraudes no processo
de privatização de estatais durante o governo de Fernando Henrique Cardoso.
Serra, que era o ministro do Planejamento, gestor do processo, tem parentes e
pessoas próximas acusadas de envolvimento com movimentações de contas em paraísos
fiscais, além de operações de lavagem de dinheiro. O jornalista acusa ainda o
ex-caixa de campanha do PSDB e ex-diretor da área internacional do Banco do
Brasil Ricardo Sérgio de Oliveira de ter atuado como "artesão" da
construção de consórcios de privatização em troca de propinas.
O pedido
de CPI da Privataria foi protocolado pelo deputado federal Delegado Protógenes
Queiroz (PCdoB-SP) em dezembro, com 185 assinaturas, 14 a mais do que o mínimo
exigido para abertura da comissão na Câmara. Ele obteve o compromisso do
presidente da Casa, deputado Marco Maia (PT-RS) de que haveria encaminhamento
da demanda em fevereiro, após o recesso parlamentar de fim de ano.
Serra
chegou a chamar o livro de "lixo" e, mais recentemente, disse também
que a CPI para investigar as
revelações presentes no documento não passava de uma "palhaçada".
Ribeiro Júnior disse receber as manifestações sem surpresa, mas retrucou
afirmando que o ex-governador é "um cara autoritário", e que isso se
deve à misteriosa blindagem que a mídia mantém em torno dele.
"Ele
(Serra) está tentando me desqualificar porque não tem
como explicar as coisas que estão lá (no livro), porque são inexplicáveis. Ele tenta usar
outros caminhos para se defender", avalia. "Embora utilize um
discurso democrático, ele não sabe tratar as pessoas, não sabe lidar com
(críticas feitas por) jornalista”, criticou Ribeiro Júnior.
Ribeiro
ainda enxergou com bons olhos a investigação que será realizada
pela CPI, que segundo ele, "servirá para aprofundar os
trabalhos, trazer fatos novos". O autor acredita que com uma apuração mais
aprofundada, utilizando-se todos os instrumentos legais de uma CPI, muita
novidade irá surgir.
"(A
CPI) Vai mostrar que a coisa foi muito maior. Vai mostrar que foi uma
roubalheira geral, que foi só para enriquecer pessoas mesmo, e que o patrimônio
do Brasil foi lapidado para enriquecer pessoas ligadas ao tucanato. Com certeza
vai chegar a valores assustadores e nomes grandes", previu.
O
jornalista também alertou para possíveis tentativas da velha mídia de tentar
abafar os trabalhos da CPI. "Com certeza eles vão tentar esconder, como
fizeram na época do Banestado. Eles não vão destacar porque muitos desses
órgãos de comunicação se beneficiaram das privatizações."
Mais denúncias
Ribeiro
relatou que está trabalhando em três outras grandes reportagens, que podem
render material para novos livros. “Esse ano ainda vou soltar outro livro, mas
vamos decidir qual será a prioridade”, falou. Sem revelar os conteúdos, o autor
adiantou que um deles trata das artimanhas de uma mineradora para "fraudar
o pagamento de royalties."
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