Jovem viveu durante 19 meses na casa da religiosa, onde era
obrigada a trabalharRubens Santos, da Agência Estado
GOIÂNIA - O Ministério Público Federal (MPF) em Goiás
denunciou nesta quarta-feira, 11, em ação penal à Justiça Federal, a pastora
W.F.M.B., por ter mantido em sua casa, durante 19 meses em Goiânia, uma criança
xavante, menor de 14 anos, em condição análoga à de escrava.
A menina, que é da tribo de São Marcos, em Barra do Garças
(MT), habitou, entre os meses de maio de 2009 e novembro de 2010, um sobrado do
Setor Coimbra, bairro próximo ao Centro. Ela foi apelidada de
"mucama" - sinônimo de criada, serva, escrava ou doméstica.
"O trabalho doméstico infantil de menores de 16 anos
foi incluído na lista das piores formas de atividades que exploram as
crianças", disse o procurador Daniel Resende Salgado. O Código Penal
prevê, para o crime e agravantes somados, até 16 anos de reclusão.
Daniel Salgado afirmou que optou em manter sob sigilo o nome
da menina, divulgar as iniciais da mulher, e omitir a denominação
neo-pentecostal.
Contou, ainda, que ouviu a menina por meio de intérpretes. E
a criança xavante, hoje com 13 anos de idade, relatou como era ameaçada e
castigada caso não executasse os trabalhos domésticos diários: lavar as louças,
cozinhar, passar roupas, lavar o piso do sobrado e distribuir folhetos da
Igreja às sexta-feiras.
O caso veio à tona em dezembro de 2010, disse o procurador,
quando professoras viram hematomas pelo corpo da menina. Apatia, tristeza,
indisposição, faltas constantes e o caderno com o "dever de casa"
incompleto também chamaram atenção na Escola JK, em Goiânia."A
partir da revelação das ameaças e espancamentos, elas denunciaram o caso à
Policia Civil".
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