A Mangueira inovou na tradicional paradinha de bateria e
levou uma "paradona" à avenida para que o bloco Cacique de Ramos,
tema do enredo da escola e desfilando num carro alegórico, cantasse o samba. A
novidade conquistou o público, mas uma falha técnica no início e o prolongado
silêncio da bateria nas paradas causaram uma certa confusão.
O Cacique de Ramos, um dos
blocos de Carnaval mais famosos da cidade e responsável por lançar nomes como
Arlindo Cruz, Beth Carvallho e Zeca Pagodinho, desfilou sobre um carro
alegórico com som próprio logo à frente da bateria e do carro de som oficial. Dudu
Nobre e Alcione estavam entre os cantores do Cacique, que teve a companhia do
público cantando o samba até o final do desfile.
Os músicos do carro tomavam o
lugar dos puxadores oficiais do samba durante as "paradonas" da
bateria, que ficava até dois minutos em silêncio. Uma falha de som no carro
oficial da Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa), no entanto, provocou
um silêncio geral durante alguns segundos, logo aos 18 minutos de desfile.
Alguns componentes chegaram a
demonstrar preocupação com a incerteza, mas foi a partir de então que as
arquibancadas passaram a entoar com vibração o samba de refrão fácil da
Mangueira: "Vem festejar, na palma da mão. Eu sou o samba, a voz do morro.
Não dá pra conter. Tamanha emoção. Cacique e Mangueira. Num só coração."
"O público achava que
era um problema de som. Até entenderem ... aí vem a catarse", disse o
presidente da escola, Ivo Meirelles, a jornalistas. "A marca da bateria da
Mangueira é a paradona."
"Quem mais levanta o
Carnaval é a bateria. A gente arrisca, mas sabendo que dá para fazer. Que bom
que deu certo essa parada show este ano", afirmou Meirelles, ex-integrante
da bateria da escola.
"Carnaval é isso, as
escolas têm que renovar e surpreender, e a Mangueira surpreendeu",
completou.
Arlindo Cruz e Beth Carvalho
abriram o desfile mangueirense num carro alegórico reunindo a velha guarda da
escola e símbolos do bloco de Olaria e Ramos, na zona norte do Rio.
Um problema na entrada do
último carro colocou em risco o andamento da escola e houve um princípio de
buraco na avenida, que foi corrigido às pressas. Uma alegoria representando o
samba em Marte - referência a um robô da Nasa que levou o samba "Coisinha
do Pai" ao planeta vermelho através de uma brasileira que trabalhava na
agência especial norte-americana - parou, mas voltou a andar problema quase
custou pontos à agremiação no final do desfile. Os últimos integrantes da
bateria da escola só passaram pela linha de encerramento do desfile quando o
relógio já marcava o tempo limite de 82 minutos, evitando por muito pouco uma
penalização por estouro do cronômetro.
SALGUEIRO
O Salgueiro, que antecedeu a
verde e rosa na avenida, também teve que correr para não estourar o tempo.
"Ensaiamos exaustivamente e chegamos no momento certo e na hora certa.
Graças a Deus deu tudo certo. Agora, nos resta esperar pelo resultado na
quarta-feira", disse o diretor de harmonia, Sidney Bernardes.
A literatura de cordel foi o
tema da escola, campeã pela última vez em 2009, com o enredo
"Tambor".A bateria da escola levantou a Sapucaí misturando samba com
xote, xaxado e baião
Ao final do desfile,
encerrado com o tempo cravado após um problema no último carro, a presidente da
escola, Regina Celi, foi aos prantos. "Estou muito emocionada. Foi um
desfile de superação", afirmou.
(Por Pedro Fonseca, com
reportagem de Juliana Schincariol)
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