
A Ailanto, empresa de marketing esportivo, com sede na Barra
da Tijuca, Zona Oeste do Rio, que mantém ligações comerciais e de interesse
pessoal com o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF),Ricardo Teixeira,
volta ao centro de uma série de denúncias de corrupção e desvios milionários de
recursos. Investigação do Ministério Público aponta Teixeira e os sócios da
firma como responsáveis por um desvio de R$ 1,1 milhão destinado à realização
do amistoso entre Brasil e Portugal em 2008, em Brasília. No início da tarde,
após conhecer as novas denúncias contra Teixeira, parlamentares passaram a
pressionar o Ministério dos Esportes pela cassação ou a renúncia do dirigente.
Um deles, o deputado Romário Faria (PSB-RJ), em recente entrevista, afirmou que
as denúncias de corrupção nas quais Ricardo Teixeira está envolvido atrapalham o andamento
da organização da Copa do Mundo de 2014.
Notícia
publicada ontem (24), no diário conservador paulistano Folha de S. Paulo, revela que a Justiça deverá exigir
que Ailanto devolva aos cofres públicos os R$ 9 milhões que recebeu para
organizar a partida amistosa. A empresa foi contratada sem licitação pelo
governo do Distrito Federal. De acordo com o MP, a Federação Brasiliense de
Futebol reteve o valor total da bilheteria do jogo, de quase R$ 1,3 milhão, e o
dinheiro, que deveria ir para o governo distrital, foi desviado e usado para o
pagamento das despesas referentes ao contrato com a Ailanto, “contrariando
todas as diretrizes do processo de contratação”, disse o MP no processo.
No dia
15 de fevereiro, a FSP revelou
ter obtido documento que prova ligação entre Ricardo Teixeira e a empresa
Ailanto, no possível superfaturamento verificado no amistoso entre as seleções
brasileira e portuguesa ocorrido no Gama, no Distrito Federal, em 2008. O
jornal mostra registro da Junta Comercial no qual uma companhia da Ailanto, a
VSV Agropecuária Empreendimentos Ltda, teve por 26 meses como endereço –
estrada Hugo Portugal, 13.330 – uma fazenda de Ricardo Teixeira em Piraí, a 80 km do Rio. O registro no
órgão competente foi feito no dia 11 de novembro de 2008, apenas oito dias
antes do jogo.
– A
Ailanto agiu com ânimo fraudulento e com nítida má-fé, diz o Ministério Público
na ação contra a empresa – diz um dos promotores ligados ao processo.
De
acordo com o MP, a Ailanto não cumpriu com todas as obrigações previstas no
contrato. Serviços que deveriam ser bancados pela empresa foram pagos com o
dinheiro arrecadado na bilheteria do palco do amistoso. O valor de R$ 1,1
milhão foi a soma das despesas com ingressos e planejamento (R$ 258 mil),
decoração (R$ 153 mil), transporte e hospedagem (R$ 311 mil) e segurança (R$
211 mil), além dos custos administrativos. A empresa recebeu R$ 9 milhões do DF
para organizar o jogo – que marcou a reinauguração do estádio Bezerrão -,
vencido pelo Brasil por 6 a
2 e com a presença de Cristiano Ronaldo. Depois de a Polícia Civil de Brasília
ter aberto inquérito para investigar suposto desvio de dinheiro público, o
caso, agora, está na Justiça federal do DF.
Segundo
o processo, a arrecadação com a venda dos ingressos na bilheteria, recurso do
governo do DF, foi usado pela Federação Brasiliense de Futebol para arcar com
as despesas para a realização do jogo, que deveriam ter sido pagos pela
Ailanto. Os sócios da empresa, segundo investigação policial, movimentaram
recursos para contas bancárias de Teixeira e, ainda de acordo com os autos do
inquérito, a sócia da empresa, Vanessa Precht, passou cheques de R$ 10 mil ao
presidente da CBF, meses depois do jogo. A Ailanto, do presidente do Barcelona,
Sandro Rosell – ex-executivo da Nike e amigo de Teixeira -, e Vanessa Precht,
eram os sócios da VSV, que funcionou durante certo período na fazenda de
Ricardo Teixeira.
Ricardo
Teixeira e Ailanto não quiseram comentar a ligação nem a decisão do MP de pedir
a devolução do dinheiro.
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