
Com pouco mais de 23 mil habitantes, Búzios tem uma gastronomia cosmopolita devido ao fato de pessoas de mais de 60 nacionalidades terem se encantado pelo local e mudado para lá.
Um exemplo da riqueza da culinária local é o Festival Gastronômico de Búzios, que nesse ano chegou, com sucesso, à sua 12ª edição. O evento foi realizado nos primeiros fins de semana de julho, e é uma espécie de festa do interior com sabores do mundo todo.
Durante o festival, os chefs e restaurantes locais montam barraquinhas pelas ruas e centros gastronômicos da cidade e oferecerm degustações de pratos com preços populares, além de uma rica seleção de vinhos e sobremesas.
"Búzios é uma cidade eclética, agitada e globalizada. O festival traz esse espírito e torna Búzios ainda mais elegante e charmosa. E além da gastronomia internacional, também temos na cidade os pratos e cozinheiros locais. Neste ano, 48 restaurantes estão participando. Um recorde.", diz o produtor do evento, Gil Castelo Branco.
Uma das casas participantes é a trattoria e pizzaria La Dolce Vita, que funciona no local mais badalado do balneário, a Rua das Pedras. "Cheguei em Búzios há 15 anos para permanecer por pouco tempo, mas acabei ficando. Começamos com uma delicatessen, depois um bistrô, em seguida o restaurante. Aqui, servimos Itália pura. Os ingredientes e pratos são típicos, pizzas, farinha, queijos, vinhos", explica (com sotaque) o dono do estabelecimento, o italiano Alessandro Valenti.
Outro participante do festival é o Baroque, um dos mais surpreendentes restaurantes de Búzios, que funciona na própria casa (algo muito comum nos países do Mediterrâneo) da chef Ivana, nascida em Praga, na República Tcheca, e de seu marido alemão, Mike.
"Nossos pratos são típicos do leste europeu, além de Alemanha e França. Servimos, por exemplo, gulash húngaro, pato assado, salsicha alemã e armisch (joelho de porco defumado com chucrute branco ou vermelho). Como funcionamos dentro de casa, nosso atendimento é personalizado e exclusivo", afirmou Ivana.
Para dar um toque de charme a mais, Mike, que é um colecionador de móveis e relógios antigos, fez do Baroque também um antiquário: por isso, não se espante ao descobrir que está sentado em uma cadeira do início do século passado.
O festival e a cidade de Búzios ainda têm muitas outras opções. Após morar e estudar gastronomia na Espanha, o chef brasileiro Ricardo Dotta Vagner criou um restaurante com o nome do bairro onde morou no país europeu: La Barceloneta. Nas receitas, pratos típicos espanhóis, como as tapas, e mediterrâneos, como polvo à grega. Também há espaço no cardápio para libaneses, como o clássico kebab, que vem acompanhado de pão caseiro e ervas e vegetais frescos.
Em Búzios, convivem também a gastronomia francesa do Le Cigalon, a autêntica parrillada argentina no Don Juan - que tem até show de tango -, pratos tailandeses do Sawasdee e muitos restaurantes que servem a culinária local, abundante em frutos do mar e elaborada por chefs da própria cidade.
Búzios é tão cosmopolita que o dono do principal jornal da cidade, "O Perú Molhado" (assim mesmo, com acento), é um argentino, o fotógrafo Marcelo Lartigue. Percebendo a diversidade de nacionalidades no balneário, Lartigue produziu o livro Búzios de Babel, com imagens e textos sobre os cidadãos do mundo que se tornaram buzianos. O livro já ganhou até uma segunda edição e um documentário, feito pelo próprio fotógrafo
"Búzios mudou muito desde a época em que foi descoberta pela atriz francesa Brigitte Bardot, na década de 60, e o período em que começou a receber todos essas nacionalidades. Hoje, continua atraindo os estrangeiros e turistas nacionais, que se misturam à população local. Está cada vez mais confuso. E, para mim, cada vez melhor", disse.
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