Polícia Federal abriu inquérito para investigar denúncias contra assessores de Mantega, reveladas por ÉPOCA

O Ministério da Fazenda decidiu, nesta sexta-feira, exonerar de suas funções o chefe de gabinete da pasta, Marcelo Fiche, e o chefe de gabinete substituto, Humberto Barreto Alencar. Eles já haviam sido afastados dos cargos, após ÉPOCA publicar, há duas semanas, denúncia de que a dupla recebeu R$ 60 mil em propinas da Partners, empresa que presta assessoria de imprensa ao ministro Guido Mantega, desde o início do ano. A acusação partiu de Anne Paiva, ex-secretária da empresa, que afirmou ter sido orientada a fazer os pagamentos pelo diretor financeiro da empresa, Vivaldo Ramos. A reportagem também revelou que o contrato é superfaturado e que a Partners frauda mensalmente, com funcionários fantasmas, a prestação de contas ao ministério.
A Polícia Federal abriu inquérito para investigar as denúncias de propina. O diretor-geral da PF, Leandro Daiello, escolheu na quinta-feira (28) para a missão a delegada Fernanda Costa, da Superintendência do órgão em Brasília. Ela começa a tomar o depoimento dos envolvidos nos próximos dias. Na PF, o inquérito recebeu o número 1615.
Após a publicação da reportagem, os dois servidores saíram de férias, sob a justificativa de se defender das acusações. Eles negam quaisquer irregularidades, assim como a Partners. Nos próximos dias, a exoneração de ambos deve ser oficializada no Diário Oficial. Oficialmente, a pedido deles. Na prática, porque Mantega avalia como insustentável a situação dos dois. Como ambos são servidores de carreira, serão devolvidos aos seus órgãos de origem. Fiche é funcionário do Tesouro e Alencar, do Ministério do Planejamento.
Além da PF, a Procuradoria da República em Brasília também investiga o caso, em apurações cíveis e criminais. O Tribunal de Contas da União foi igualmente acionado. Por determinação de Mantega, o Ministério da Fazenda abriu um processo administrativo “com vistas às apurações devidas, relacionadas às denúncias”, sob supervisão da Controladoria-Geral da União.
Em decorrência dos achados da investigação interna da pasta, Mantega decidiu não renovar o contrato com a Partners, que vence no próximo mês. Estuda-se uma solução de emergência para manter os assessores de imprensa que de fato trabalham na pasta e hoje recebem seus salários por intermédio da empresa. A Partners nega o pagamento de propina a assessores do ministro.
Marcelo Fiche divulgou uma nota sobre a exoneração:
"Diante das notícias veiculadas hoje por alguns veículos de imprensa, informo que pedi ao ministro Guido Mantega para, ao final das minhas férias, não retornar à chefia de gabinete. Dessa forma, contribuo para que as investigações ora em curso sejam feitas com toda tranquilidade e com a maior celeridade possível para que a verdade seja restaurada e as mentiras que foram publicadas sobre a minha pessoa sejam rapidamente derrubadas.
Tenho sido atacado injustamente, inclusive com ilações mentirosas sobre a minha vida privada na imprensa. Não sei a que interesses servem tais ataques, mas posso dizer com toda tranquilidade que fizemos um processo licitatório para contratação de empresa de assessoria de imprensa do Ministério com todo zelo e respeito pela coisa pública e que, por ter sido pela modalidade pregão eletrônico (menor preço) em vez de técnica e preço, gerou uma grande economia aos cofres públicos.
Informo também que, a pedido dele mesmo, e com o mesmo objetivo, o chefe da assessoria técnica, Humberto Alencar, também não retornará a sua função ao final de suas férias."
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