Um roteiro para fugir dos lugares
comuns e curtir recantos ainda pouco explorados em Cabo Frio
Texto: Juliana Marques
Fotos: SECTUR/CABO FRIO
Armação dos Búzios, Arraial do Cabo,
São Pedro da Aldeia, Iguaba Grande, Cabo Frio, Carapebus, Casimiro de Abreu,
Macaé, Quissamã, Maricá, Rio das Ostras, Saquarema e Araruama são os 13
municípios que formam a Região dos Lagos, também conhecida como Costa do Sol.
Muitos possuem (ou já tiveram) casas de veraneio por lá, conhecem boas pousadas
e campings, ou mesmo fizeram bate e volta para comer um bom peixe ou banhar-se
nas mais lindas lagoas e praias dessa parte do território fluminense. Nesta
edição, a Folha Carioca decidiu explorar duas belezas especiais dos aproximados
2.000 km²: Búzios e Cabo Frio.
Ambas possuem pontos turísticos dos
mais diversos como praias de mar aberto e também com águas calmas cercadas por
restingas e dunas, ilhas, parques florestais, restaurantes de todos os tipos e
para todos os bolsos, assim como os hotéis e as pousadas. Mesmo com tantas
opções, é comum fazer essa viagem e visitar os mesmos lugares, sem perceber
detalhes que ainda mantêm a Região bastante charmosa e atraente.
A
grande Cabo Frio
A infraestrutura de Cabo Frio já
permite que os moradores tenham certa independência da temporada. Mercados,
lojas de roupas, sapatos, móveis planejados, todos os bancos, hospitais,
fábricas e até aeroporto internacional, cuja pista é considerada uma das mais
seguras do país. Um importante ponto comercial é a Rua dos Biquínis, com 150
lojas especializadas e confecções em toda a sua extensão, que garantem grande
variedade e preços acessíveis. E boa parte de seus produtos são exportados para
todo o mundo.
Passando por lá, a recomendação é
continuar a estrada em direção à Praia das Conchas, um paraíso de águas calmas,
transparentes e rasas, com ventos frescos, areia branca e limpa, tudo bastante
convidativo para crianças e para quem quer fugir da badalação. A pequena
Conchas é considerada Área de Preservação Ambiental (APA) e se você estiver em
Peró, basta caminhar até ‘a ponta direita’ (estando de frente para o mar) para
chegar lá e comer um bom dourado ao molho de camarão e pirão no Quiosque do
Ratatá.
Nas
ondas do Forte
Na orla mais badalada, o destaque
fica para o recém-reformado Forte de São Mateus. De acordo com especialistas,
as rochas que formam a base da construção feita pelos portugueses entre 1616 e
1620, são de milhões de anos. As linhas retas predominam em sua arquitetura e
tudo é construído com pedra, argamassa e óleo de baleia.
Desde 1956, o monumento foi tombado
pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e as únicas
alterações referem-se à iluminação. Ivan Boquimapani Amador é o guardião do
Forte. Dos seus 33 anos de Prefeitura, 20 foram dedicados ao local: “Eu
trabalho com essa vista maravilhosa sabendo que estou em frente à África do
Sul. É só seguir reto durante 20 dias e 20 noites! Por aqui passam turistas do
Brasil e do mundo, principalmente argentinos; e todos gostam tanto quanto eu”.
Antes de sair desse lado da praia, suba o caminho para o Mirante do Canal do
Itajuru, todo construído em madeira: são imagens e sensações imperdíveis.
A novidade na Praia do Forte é a
Praça dos Quiosques inaugurada no último dia 5: os modernos 15 estabelecimentos
contam até com áreas Vips para pequenas reuniões. Para a realização das obras,
foi necessária a demolição da antiga pista de skate. Porém, os amantes desse
esporte podem aguardar a inauguração da nova pista com quase 1800 metros de
pura diversão, o dobro do tamanho da anterior, planejados com o apoio dos
skatistas da região.
Onde
tudo começou
Não tão distante desse ponto da
cidade, está escondido o Bairro da Passagem, um lugar ao longo do Canal de
Itajuru onde se instalaram os primeiros núcleos de moradores de Cabo Frio, por
volta do século XVIII. O largo foi tombado pelo IPHAN, fato que colabora com a
conservação da arquitetura em estilo e pintura coloniais que lembram Paraty. Na
pracinha, está a igreja de São Benedito, construída em 1761 para os negros, já
que eram proibidos de frequentar a igreja no Centro. Atualmente, suas portas se
abrem somente às quartas-feiras, das 07h às 10h, para orações comunitárias.
Durante o passeio, vale a pena passar pelo Sr. Valcir, do Exóticos, e também
degustar o risoto Negro de Lagostini, do Galápagos (reserva: (22)
2643-4097).
O traslado até o outro lado do
Itajuru pode ser feito ali mesmo, no Bairro da Passagem, em pequenas
embarcações dos pescadores locais (cerca de R$ 3,00). Chegando lá, é a hora de
colocar o tênis e se aventurar pela trilha até a selvagem Praia Brava, onde
antigamente encontravam-se muitos praticantes do nudismo (recomenda-se não
fazer esse caminho sozinho e com equipamentos caros). O mar é claro e as ondas
são excelentes para os surfistas. O outro acesso é pela Ilha do Japonês, uma
das preciosidades de Cabo Frio banhadas pelas águas do Canal e cheia de
quiosques de sapê.
Campo
em meio a praias
Na Zona Rural de Cabo Frio, nosso
objetivo foi resgatar mais um pouco de história através da Fazenda Campos
Novos. Localizada em Tamoios, o 2º Distrito de Cabo Frio que pleiteia a
emancipação, foi erguida pela Companhia de Jesus por volta de 1690 e já
hospedou gente importante como o príncipe D. Pedro de Alcântara de Orleans e
Bragança (1925), e os pesquisadores Auguste de Saint-Hilaire e Charles Darwin.
Atualmente, Campos Novos é a sede da Secretaria Municipal de Agricultura e
Abastecimento e está fechada para reforma totalmente supervisionada pelo IPHAN,
já que é mais uma preciosidade tombada oficialmente desde 23 de novembro de
2011.
Até agora, foram encontrados centenas
de vestígios da época, como pedaços de louças, ossos humanos e até de baleia,
uma curiosidade à parte. Junior Genro, um dos cuidadores do local e um grande
conhecedor da região, de quilombolas (cinco ao redor) e de suas personalidades
com mais de 100 anos de idade, informou que até mesmo o cemitério ao lado da
residência foi tombado. “A antiga área será preservada e haverá novo espaço
para enterrar as pessoas da região. A equipe do IPHAN está realizando
um trabalho perfeito. Certamente levará alguns anos, mas tudo será
restaurado de acordo com a arquitetura da época, inclusive a torre da capela
Santo Inácio que, segundo pinturas antigas, foi modificada”.
http://www.folhacarioca.com.br/Edição: Telma Flora
Assessora de Imprensa Secretaria de Turismo
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