Desde que assumiu a Prefeitura
de Cabo Frio em 18 de julho, uma das maiores preocupações do governo Dr.
Adriano Moreno foi quantificar e qualificar a situação em que se encontra a
máquina pública. Os déficits já eram esperados, mas os dados levantados são impressionantes
pelo valor do montante da dívida identificada. Até agora, e este valor
pode aumentar consideravelmente, o passivo é de R$ 1.314.254.786,59. As dívidas
são referentes a atrasos com pessoal, benefícios sociais, repasses ao Ibascaf,
empréstimos consignados e parcelamentos com a Receita Federal. O levantamento é
fruto de um trabalho realizado pela equipe técnica da Prefeitura.
O detalhamento das dívidas
chama a atenção. É o caso do recolhimento das contribuições sociais dos
servidores, sem os respectivos repasses ao Ibascaf – Instituto de Benefícios e
Assistência aos Servidores de Cabo Frio. Só nesse item, a dívida da Prefeitura
supera os R$ 120 milhões, dinheiro desviado para outras finalidades por
governos anteriores. E esse número pode aumentar. Para se ter uma ideia, um dos
parcelamentos em atraso, feito em 2013, pode elevar, de uma só vez, em mais de
R$ 200 milhões, o montante que a Prefeitura deve, o que acresceria esse valor inicial a mais de R$
1,5 bilhão.
A Prefeitura de Cabo Frio
também deve a instituições bancárias porque descontou de servidores parcelas
que deveriam ser destinadas à quitação de empréstimos consignados, mas os
valores não foram repassados aos bancos, por governos anteriores. Ao todo são
R$ 6.426.597,13,
devidos ao BMG (R$ 3.520.316,39)
e ao Banco do Brasil (R$2.906.280,74),
referentes aos anos de 2013 a 2016.
A gravidade da situação pode
ser avaliada tomando por base o orçamento estimado para o exercício de 2018, de
R$ 845.321.745,67. Desse valor constam R$19.953.004,50, destinados
obrigatoriamente ao Legislativo, restando R$825.368.741,17 para as funções do
Executivo. Levando em consideração o Orçamento anual, a dívida já identificada
é 55,47% maior que a arrecadação total prevista, ou 59,23% maior que o
orçamento líquido destinado às funções do Executivo.
Saúde e Educação
Sem capacidade de investimento
em obras e melhorias para a cidade, o prefeito Dr. Adriano Moreno busca
equilibrar as contas para fazer frente às despesas essenciais, pagar os
salários em dia e saldar cotas de parcelamentos. Dos orçamentos
individualizados, só a Educação e a Saúde consomem mais de 50% dos gastos
estimados para 2018. Somadas, as duas secretarias totalizam R$ 502.014.811,53,
incluídos os salários dos servidores. De acordo com a Constituição,
obrigatoriamente 15% de tudo o que é arrecado com impostos destina-se à Saúde,
enquanto 25% são para a Educação.
O comprometimento das receitas
municipais vai muito além do que se imagina provocando o engessamento da atual
gestão. Em razão de o governo anterior não ter investido os 25% obrigatórios em
Educação no ano de 2016, há duas semanas a Secretaria Municipal de Fazenda
precisou assinar um TAC – Termo de Ajustamento de Conduta, com o Ministério
Público, homologado pela Justiça Estadual, em que se compromete a restituir os
valores não investidos no Ensino Básico, naquele ano. Desta forma, a Prefeitura
está obrigada a compensar, até 2021, aquilo que não foi cumprido. Como em 2016,
foram gastos apenas 12,21% do Orçamento com a Educação, existe um resíduo de
12,79% a ser compensado. Só neste ano de 2018, serão aproximadamente R$ 50
milhões a mais que a Prefeitura terá que destinar à Educação.
Folhas de Pagamento, parcelas
de empréstimo e ‘nome sujo’
Na composição da dívida apurada
até o momento, além de regularizar os atrasos com folhas de pagamento e
repasses com o Ibascaf, por exemplo, o prefeito Dr. Adriano, Moreno, tem como
uma de suas maiores preocupações, a quitação de parcelas de empréstimos e com o
serviço da dívida pública. Os atrasos com os parcelamentos colocaram Cabo Frio
no Cauc – Cadastro Único de Convênios, o “SPC do governo federal”, impedindo a
Prefeitura de obter recursos voluntários junto aos governos estadual e federal.
Cabo Frio deve R$ 562.905.745,21, em reparcelamentos, além de R$ 141.007.464,05
referentes a precatórios, que são indenizações a título de condenações, pagas
por determinação do Tribunal de Justiça.
Somando os “restos a pagar”
(dívidas com fornecedores, prestadores de serviço e outros) que se arrastam há
quase uma década e as consignações em atraso, apurados com base no exercício de
2017, a Prefeitura deve a incrível soma de R$ 590.341.577,33. Um montante que
se tivesse sido injetado na economia local, seria capaz de gerar milhares de
empregos e aumentar a circulação de renda em Cabo Frio. De “restos a pagar
processados”, são R$ 224.932.618,66, referentes aos anos de 2008 até 2017. Dos
“restos a pagar” não processados, dos anos de 2011 até 2017, são R$
136.366.713,82, enquanto as consignações devidas totalizam R$ 129.042.245,05 e
os repasses não feitos ao Instituto de Benefícios, superam os R$ 120.000.000,00.
Só com as concessionárias Enel
e Prolagos, dívida é de mais de R$28 milhões
Desde que assumiu, a equipe de
governo tenta saldar os compromissos com fornecedores e prestadores de
serviços, contraídos em gestões anteriores. Somente com as concessionárias Enel
e Prolagos, a dívida é de mais de R$ 28 milhões. Com a Prolagos, a dívida que
está em discussão gira na casa dos R$ 18 milhões e com a Enel, em torno de R$
10,2 milhões. A renegociação das dívidas tem sido uma das ações adotadas pela
Prefeitura junto aos demais fornecedores e prestadores de serviços.
Bloqueios judiciais
Preocupada com a necessidade de
restabelecer o crédito e habilitar a Prefeitura a eventualmente receber auxílio
financeiro governamental, a fim de colocar as contas em dia e reaquecer a
economia local, a atual gestão tenta restabelecer os parcelamentos que não
foram honrados. Com isso, além de evitar o aumento da dívida, o governo poderá,
por exemplo, obter as certidões exigidas por lei a fim de pleitear recursos de
convênios e de emendas parlamentares estaduais e federais. Esses são montantes
que não fazem parte das transferências constitucionais.
Evitar o bloqueio de contas e a
consequente paralisação da administração é outra tarefa em pauta, da equipe do
Dr. Adriano. Para que não corra o risco de ter contas da Prefeitura bloqueadas,
como ocorreu no último dia 19, com o bloqueio de mais R$ 5 milhões referentes
ao pagamento de precatórios, a administração atual pretende retomar os
depósitos dos mesmos. Mas, com um fluxo de caixa reduzido, a Prefeitura
encontra dificuldades em saldar os R$ 33 milhões anuais em precatórios,
exigidos pelo Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro.
Ações implementadas
Nestes 70 dias de gestão, o
governo Dr. Adriano Moreno realiza uma série de ações com o objetivo de
renegociar as dívidas e sanear as contas da administração municipal, além de
reorganizar a mesma,
com uma série de ações voltadas à implementação dos sistemas de controle. Já
foram pagos os salários em dia e quitados R$ 5.416.310,10 em parcelamentos que
estavam atrasados com o INSS, além de R$ 524.656,53, com o FGTS – Fundo de
Garantia por Tempo de Serviço. Nos próximos dias serão pagos mais R$ 1,4
milhão, que dizem respeito a outros parcelamentos junto à Receita Federal.
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